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Coberturas

Eleições: as cidades que votaram no PT e em Bolsonaro ao mesmo tempo

A polarização da política não é unânime em todo lugar. Veja onde petistas e bolsonaristas venceram juntos

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Mapa mostra distribuição de votos a Bolsonaro e ao PT no segundo turno da eleição para presidente

Esta reportagem fez parte da coluna digital Caixa de Dados, do Diário Catarinense, sobre jornalismo de dados, e foi publicada originalmente em 18/10/2018

Clique aqui para ver o post original

Texto e análise de dados: Cristian Edel Weiss
Arte e visualização de dados: Maiara Santos

A polarização em que se dividiu a política brasileira no primeiro turno das eleições 2018 não é unânime em todos os lugares. Em Santa Catarina, votar em candidato de um partido para governador e outro de ideologia oposta para presidente não foi incomum.

As cidades “bipolares” ficam mais evidentes ao comparar onde Décio Lima, candidato do PT ao governo do Estado, e Jair Bolsonaro, antítese do PT e candidato do PSL à Presidência, foram os mais votados no primeiro turno. São 13 municípios nessa condição.

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Cidades bipolares Arte Maiara Santos

Veja a seguir o resultado do cruzamento dos mais votados caso a caso e o panorama completo no mapa ao final deste post.

Cidades onde PT e Bolsonaro lideram votos simultaneamente

O que parecia improvável aconteceu. Em 13 cidades de Santa Catarina, os dois candidatos da eleição majoritária mais votados são de espectros totalmente opostos. Décio Lima, do PT, e Jair Bolsonaro, do PSL e autoproclamado antipetista, dividiram a liderança da votação para governador e presidente, respectivamente.

O fenômeno ocorreu em Anchieta, Guarujá do Sul, Dionísio Cerqueira, Novo Horizonte, Galvão, São Domingos, Abelardo Luz, Quilombo, Nova Erechim, todos no Oeste catarinense. Também foi visto em Ipira, no Meio-Oeste, e em Ponte Alta e Chapadão do Lageado, na Serra catarinense.

Entre as 13, a cidade onde a votação de ambos os candidatos foi mais equilibrada foi em Anchieta, onde Décio teve 1.490 votos (43,18% dos válidos para o cargo de governador) e Bolsonaro 1.623 (42,58% dos válidos para presidente).

Apesar de ter feito menos votos no total do que Bolsonaro, Décio tem percentual maior porque para o cargo de governador havia também mais nulos e brancos (14,77% contra apenas 5,85% para presidente).

Não é possível afirmar, com base nos dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quantos eleitores exatamente votaram nos dois concorrentes, mas percebe-se que muitos optaram pelas duas candidaturas, mesmo que antagônicas.

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A onda vermelha

Fernando Haddad (PT) foi o candidato a presidente mais votado em 33 cidades catarinenses. Já Décio Lima liderou a votação em 34. Mas os dois petistas fizeram uma dobradinha em apenas 21 municípios. O resultado que parecia mais óbvio só foi obtido em 17 municípios do Oeste, tradicional reduto da sigla, em Anita Garibaldi, na Serra, e em Lebon Régis, Calmon e Matos Costa, no Meio-Oeste. É de Calmon a votação mais emparelhada: 1.061 votos para Décio (51,41%) e 1.136 para Haddad (51,54%).

Merisio e Bolsonaro: estratégia que deu match

A votação mais casada em Santa Catarina foi a de Gelson Merisio (PSD) e Jair Bolsonaro (PSL). O primeiro declarou apoio ao segundo, embora não haja coligação formal entre os partidos. Bolsonaro liderou a votação para presidente em 262 cidades catarinenses. Já Merisio levou a melhor em 129.

Na prática, ambos foram os mais votados simultaneamente em 120 municípios. E as combinações se apresentaram de forma espalhada por todo o Estado, com maior concentração no Oeste, Meio-Oeste, Serra e Sul.

Merisio e Haddad: nem tão surpresa assim

O PSD é um partido de direita. Mas o ex-governador Raimundo Colombo, uma das principais lideranças da sigla, declarou simpatia por Dilma Rousseff (PT) em 2014, “por gratidão”. É possível que a parceria tenha deixado frutos em seis cidades do Estado, onde Merisio e Haddad lideraram a votação no primeiro turno: São José do Serrito, na Serra, Ponte Serra, Passos Maia, Paial, Sul Brasil e Flor do Sertão, no Oeste.

De Sul Brasil foi o placar mais próximo: 753 votos para Merisio (39,53% dos válidos) e 849 (42,62%dos válidos) para Haddad.

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Onda Bolsonaro e a surpresa do segundo turno

Surpresa no segundo turno para o governo de Santa Catarina, Comandante Moisés (PSL) foi o mais votado em 49 cidades catarinenses. Em todas elas, Jair Bolsonaro também liderou.

Em todos os municípios, o candidato à Presidência teve mais votos do que o concorrente ao governo do Estado. Em Capivari de Baixo e Tubarão, ambas cidades do Sul do Estado, Moisés e Bolsonaro tiveram votação mais compatível. Na primeira, foram 8.555 votos (65,70% dos válidos) para Bolsonaro e 5.672 (47,37%) para Moisés. Em Tubarão, foram 44.432 (74,63%) para o presidenciável e 28.846 (52,14%) para o candidato a governador.

Incompatibilidade de gênios

Diferente do cenário Décio-Bolsonaro, a única combinação que não ocorreu e seguiu o esperado foi a de Comandante Moisés (PSL) para o governo do Estado e Fernando Haddad (PT) para a Presidência. Em nenhuma cidade onde um liderou os votos o outro repetiu a performance.

Mariani e Bolsonaro: a cidade com maior equilíbrio de votos

O candidato do MDB ao governo do Estado, Mauro Mariani, foi o mais votado em 83 cidades do Estado, a maioria no Planalto Norte, no Meio-Oeste e em partes do Alto Vale do Itajaí.

Dessas, 77 foram as mesmas cidades em que Jair Bolsonaro liderou a votação. A situação mais equilibrada é de Arvoredo, no Oeste, onde o presidenciável obteve 870 votos (45,62% dos válidos) enquanto Moisés obteve 850 (45,58%).

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Mariani e Haddad: seis cidades compatíveis

Semelhante ao cenário Merisio-Haddad, Mauro Mariani (MDB) liderou votações em apenas seis cidades onde o presidenciável do PT também foi o mais votado. Na Serra e no Meio-Oeste (Timbó Grande, Vargem e Cerro Negro) e no Oeste (São Miguel da Boa Vista, Tigrinhos e Entre Rios). A cidade de Entre Rios, aliás, foi a que mais rendeu votos ao petista no Estado: 65,63%.

O cenário mais equilibrado foi de Timbó Grande: foram 1.473 (38,25%) votos para Haddad e 1.320 (37,33%) para Mariani.

Pouco viés ideológico nas escolhas

A distribuição dos votos mostra que em boa parte das cidades o eleitor catarinense ignorou a classificação dos partidos na matiz ideológica e optou por votar no indivíduo. Cidades onde os candidatos do PT foram melhor têm relação com o tradicional reduto eleitoral do partido. A região Oeste, aliás, foi onde teve a maior diversidade e permitiu todas as combinações de resultados, assim como parte da Serra catarinense. Confira abaixo no mapa a distribuição dos mais votados para governador e presidente.


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