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Coberturas

Fake news: um guia para se blindar contra notícias falsas

A paralisação dos caminhoneiros expôs a sociedade a um bombardeio de mensagens inverídicas. Saiba como ficar imune a elas

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Publicada originalmente no Diário Catarinense, Hora de SC, Santa e AN em 18/06/2018

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A paralisação dos caminhoneiros nas últimas semanas expôs a sociedade a um bombardeio de mensagens inverídicas. Saiba como sair imune a elas

ROELTON MACIEL E CRISTIAN WEISS
FLORIANÓPOLIS

O governo federal ameaçou cortar o sinal de internet em meio à greve dos caminhoneiros? Militares planejaram tirar o presidente Michel Temer do poder? Por mais absurdas que pareçam, nas últimas semanas mensagens alarmistas como essas bombardearam as redes sociais e os grupos de família no WhatsApp. 

Vídeos, fotos e áudios de procedência desconhecida disputaram atenções com a cobertura da imprensa tradicional nas paralisações. Um dos vídeos viralizados anunciava que “a guerra já começou”, com cenas de confronto entre policiais rodoviários e caminhoneiros em Santa Catarina. Apesar de reais, as imagens registravam um conflito ocorrido em 2015, ou seja, nada a ver com a última greve. 

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Canais oficiais do governo e do Judiciário buscaram desmentir mensagens falsas e orientar sobre como a população deve lidar com as chamadas fake news. Na prática, a greve nas estradas e a enxurrada de informações duvidosas funcionou como um laboratório do que deve vir pela frente, especialmente nas eleições de outubro.

Preocupação da Justiça Eleitoral

Em entrevista ao Diário Catarinense na última semana, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC), desembargador Ricardo Roesler, manifestou preocupação e garantiu que a prática será combatida, mas reconheceu que as decisões judiciais não acompanham a velocidade das notícias falsas.

Especialista no tema, o professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (USP), Pablo Ortellado, destaca que a informação enganosa costuma assumir duas formas diferentes: boatos e notícias falsas.  Boatos se espalham como testemunhos, geralmente trazendo à tona informação de grande impacto. Ganham credibilidade quando o relato parte de alguém que afirma conhecer um oficial militar ou autoridade em Brasília, por exemplo. Já a falsa notícia parece verídica por imitar formatos jornalísticos, como manchetes e declarações de entrevistados.

– O que dá credibilidade é que supostamente aquilo foi apurado por um jornalista. Mas a apuração é simulada, não houve – observa Ortellado.

Só a política nacional gera cerca de 5 mil notícias diariamente, diz o professor, o que dificulta a identificação de conteúdos falsos. Ele avalia que a fábrica das fake news no Brasil está ligada ao fenômeno da polarização política. Embora não exista um perfil claro de quem dissemina as falsas informações, Ortellado supõe que pessoas acima dos 40 anos estão mais inseridas no cenário de polarização.

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“Quase sempre a notícia falsa se difunde explorando a paixão das pessoas. Como a sociedade brasileira está polarizada entre dois campos políticos mobilizados um contra o outro, em geral, a notícia falsa vai apelar para esses discursos da polarização, de forma falsa e especulativa, mas apresentada como um fato.”Pablo ortellado, professor da usp


Processo de desinformação é amplo, defende professor

Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e cofundador do Farol Jornalismo, iniciativa de pesquisa e produção jornalística, Moreno Osório classifica os conteúdos propositadamente falsos como parte de um “processo de desinformação” mais amplo do que a definição de fake news sugere. O período eleitoral, diz Moreno, é um exemplo de como serão trazidas à tona narrativas voltadas a determinados interesses, em níveis que podem ser mais próximos ou distantes dos fatos. 

– Desde o mais equilibrado até o propositadamente falso, isso vira uma peça de propaganda para atingir determinadas pessoas e objetivos — aponta o especialista.

Para o professor, a paralisação dos caminhoneiros também mostrou como as narrativas migram entre “instâncias tecnológicas”, mais recentemente do Facebook para o WhatsApp. Embora os mecanismos de funcionamento do Facebook não sejam inteiramente conhecidos, Moreno considera que a rede social tem buscado ferramentas para limitar conteúdos falsos, o que ainda não ocorre no segundo caso.

– Se já achávamos o Facebook um problema por ser fechado, o Whatsapp é uma caixa-preta.  Isso torna mais complexo o combate à desinformação – avalia. 

Entre os especialistas ouvidos, há consenso de que é preciso haver cuidado e discussão amplas antes de se legislar sobre o tema. O professor da USP Pablo Ortellado considera perigoso conceder ao Estado o direito de determinar o que é verdadeiro e o que é falso, qual notícia pode e qual não pode ser perigosa. Moreno Osório defende que a solução passa por uma educação mais inclusiva sobre o meio digital. 

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“É um processo longo, que está muito relacionado ao nível de educação e socioeconômico da sociedade. Portanto, temos um grande desafio nesse sentido.”moreno osório, professor da puc-rs


O que fazer

Ao receber um texto pelas redes sociais, siga este passo a passo para não cair na armadilha de boatos e fake news. Além de evitar constrangimentos, ajudará a interromper o fluxo dessas mensagens

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Perfil de boatos ou notícia falsa

Se examinar,a maioria das mensagens enganosas que circulam pelas redes sociais tem o mesmo esqueleto. Os textos que foram divulgados durante a paralisação dos caminhoneiros estão repletos de exemplos. Vale para áudios e vídeos também. Veja abaixo as características mais comuns (em cinza) e respectivos exemplos (em azul e sem correções) que lotaram grupos de WhatsApp nas últimas semanas:

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Congresso analisa propostas de punição

O tema ainda é obscuro para a legislação brasileira. Não há consenso entre juristas se quem repassa uma informação enganosa também deve ser responsabilizado. Na última segunda-feira, o Conselho de Comunicação Social (CCS) do Senado aprovou um relatório sobre os 14 projeto sem tramitação no Congresso (13 na Câmara dos Deputados e um no Senado) que propõem punição para a disseminação de notícias falsas na internet.

Para o CCS, as 14 propostas não contemplam na totalidade o fenômeno das fake news e podem causar consequências negativas pelas tentativas de regulação e punição. Assim, os conselheiros optaram por recomendar aos parlamentares que estejam atentos a premissas básicas na definição do novo marco regulatório, entre elas a de evitar qualquer mecanismo que proponha retirar conteúdo da internet sem base legal.

O entendimento é de que ações neste sentido ferem a Constituição, por atentarem contra a liberdade de expressão e serem danosas à democracia. Conselheiros reforçam ainda que retirada de conteúdo deverá ser sustentada por ordem judicial fundamentada e pela concessão de tempo razoável para a retirada. Além disso, a legislação deve prever um órgão capacitado para fazer uma avaliação prévia. O CCS também recomenda que um futuro marco regulatório traga uma definição clara sobre fake news, com limites práticos de aplicação.

Embora não haja clara delimitação legal das responsabilidades de cada usuário nas redes, prevalece o bom senso: na dúvida, não compartilhe.


CHEQUE VOCÊ MESMO

Algumas técnicas de verificação que dispensam conhecimento especializado ou softwares peritos:

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BUSCA DE IMAGENS REVERSA

Uma foto curiosa pode até ser verdadeira, mas talvez tenha registrado outro fato ou contexto. Descubra a origem usando a busca de imagens reversa: acesse images.google.com, clique na imagem que deseja procurar e a arraste para a caixa de pesquisa. É possível fazer o processo também pelo tineye.com.

VÍDEOS

Ferramenta da Anistia Internacional para checar se determinado vídeo não foi reaproveitado e está sendo oferecido a você como se fosse um novo evento. Basta inserir o endereço do vídeo em www.amnestyusa.org/citizenevidence que aparecerão o tempo de upload e as imagens em miniatura associadas. As informações permitem identificar a versão mais antiga de um mesmo vídeo.

MANIPULAÇÃO DE IMAGENS

O fotoforensics.com é um site que detecta as partes de uma imagem que podem ter sido modificadas com softwares como o Photoshop. Basta fazer o upload ou digitar o endereço da imagem suspeita. Áreas que tiverem disparidades na qualidade – sugerindo a ocorrência de alterações – serão destacadas.


Acompanhe o Prova Real

Prova Real primeira iniciativa de fact checking em Santa Catarina da NSC Comunicação combate a fake news checagem eleições Cristian Edel Weiss jornalista de dados e multimídia de Santa Catarina

Iniciativa de fact-checking (verificação de fatos e discursos) e debunking (desmistificação de boatos) da NSC Comunicação. Emprega metodologia certificada para checar o grau de veracidade de declarações públicas ou publicadas, notícias falsas e imagens. O objetivo é
promover a informação correta, e não criar rótulos ou manchar reputações.

Confira boatos e declarações checadas pelo Prova Real

Sugira temas para checarmos:

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E-mail: provareal@somosnsc.com.br | WhatsApp: (48) 9 9188-2253


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