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A história vai ao chão

Imóvel demolido no Bairro Belchior Alto, em Gaspar, abrigou o primeiro correio da região

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Publicada originalmente no Santa em 3/2/2010


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Imóvel demolido no Bairro Belchior Alto, em Gaspar, abrigou o primeiro correio da região

CRISTIAN WEISS
cristian.weiss@santa.com.br
GASPAR

Restaram apenas lembranças da casa enxaimel de 115 anos que abrigou o primeiro correio da região, no Belchior Alto. A construção da Rua Bonifácio Haendchen começou a ser derrubada segunda-feira. O proprietário, Wilson Schmitd, alegou falta de recursos para reformar a edificação, comprometida pela ação do tempo.

A casa recebeu indicação de tombamento pelo Instituto Nacional de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que considerou o legado arquitetônico como referência cultural. No entanto, o município ainda não tem lei municipal de tombamento. Para a professora Leda Maria Batista, mesmo no chão, a casa simboliza uma era de trabalho e colaboração comunitária no Belchior Alto. A professora do Departamento de História da Furb, Carla Fernanda da Silva, aponta que além da perda de mais uma preciosidade arquitetônica tradicional, a queda do imóvel leva consigo uma referência local de memória dos moradores da localidade:

– Não é só o imóvel que desaparece. Ele guardava uma história e era um ponto de lembrança que agora some.

De acordo com Carla, no fim de semana outro imóvel foi demolido no município. Trata-se do prédio onde funcionou a Secretaria de Turismo de Gaspar, em frente aos Correios, na Rua Coronel Aristiliano Ramos. Na casa construída no início da década de 1920 funcionava uma venda de secos e molhados que concentrava o comércio da cidade, pois havia um pequeno porto atrás do prédio dos Correios.

– Gaspar está tendo uma sucessão de demolições. E as duas construções tinham valor arquitetônico e serviam como local de memória, pois muitos gasparenses têm algo para contar sobre elas – analisa Carla, que já foi diretora do Departamento de Cultura de Gaspar.

Projeto de criação da lei será encaminhado neste semestre

Como Gaspar ainda não tem Lei de Preservação do Patrimônio Histórico, o procurador do município, Mário Mesquita, disse que a prefeitura solicitou à União recursos para manutenção e preservação de casas históricas, no entanto, a cidade não foi contemplada.

Para impedir a destruição de outros imóveis nas mesmas condições em que se encontrava a casa do Belchior Alto, o projeto de criação da lei de tombamento municipal deve ser encaminhado este semestre à Câmara de Vereadores.

De acordo com a professora do Departamento de História da Furb, Carla Fernanda da Silva, desde 2002, quando ela era diretora do Departamento de Cultura de Gaspar, se discute o projeto de Lei de Preservação do Patrimônio Histórico Municipal:

– Foi feito até um prévio levantamento de quais imóveis poderiam ser tombados e houve audiência pública para discutir a proposta. Mas até hoje passou por várias revisões e ainda não virou lei.

A importância da lei

Por que a lei municipal de tombamento histórico é necessária:

■ A lei de preservação do Patrimônio Histórico Municipal permite criar o Conselho de Patrimônio Histórico

■ O conselho e a comunidade passam a indicar quais os imóveis devem ser cadastrados como patrimônio histórico e quais podem ser tombados

■ O cadastro assegura a proteção contra a demolição e modificação na estrutura

■ O processo de tombamento apenas complementa a proteção dos imóveis cadastrados e assegura o direito à isenção de IPTU, incentivos fiscais federais e municipais e recursos para restauração, obtidos por meio de leis de incentivo

Fonte: Professora do Departamento de História da Furb Carla Fernanda da Silva


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