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NINGUÉM reforça a segurança

Para imaginar como seria a rotina do Presídio Regional de Blumenau se os 15 agentes prisionais prometidos pelo Estado chegassem, desconsidere as palavras em letras maiúsculas desta reportagem

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Publicada originalmente no Santa em 23/2/2010


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Para imaginar como seria a rotina do Presídio Regional de Blumenau se os 15 agentes prisionais prometidos pelo Estado chegassem, desconsidere as palavras em letras maiúsculas desta reportagem

CRISTIAN EDEL WEISS
BLUMENAU

NINGUÉM está ansioso em seu primeiro dia de trabalho. No alojamento do Presídio Regional de Blumenau, NÃO veste o uniforme preto de agente carcerário antes de começar o expediente. É lá que NINGUÉM se encontrará com outros 14 colegas, que juntos NUNCA chegaram para incrementar a equipe formada atualmente por seis agentes a cada turno, em que cada um cuida de 120 presos. A unidade carcerária tem 761 detentos, quando a capacidade é para 500.

O estresse dos últimos meses devido à sobrecarga de funções agora é NADA atenuado pela divisão de tarefas. O reforço no efetivo NÃO aumenta a segurança interna NEM impede fugas e entrada de drogas e celulares. Mas, com a disposição de um iniciante, NINGUÉM vai dividir com os colegas as tarefas das próximas 24 horas: revista dos visitantes, atendimento a advogados, entrega das quatro refeições diárias, encaminhamento dos detentos ao ambulatório, acompanhamento ao banho de sol, ronda interna e, por fim, a vigilância na guarita da ala de trabalho, feita antes de encerrar o turno da noite.

Para quem já trabalhava no presídio, os novatos NÃO são um alívio. O agente prisional Rodrigo Pinho, há dois anos e meio na unidade, já NÃO aspira melhores condições de trabalho, com IMPOSSIBILIDADE de fazer vistorias minuciosas nas celas com mais frequência. Devido à crônica falta de pessoal, o procedimento até hoje era executado apenas quando a Polícia Militar ajudava ou quando agentes de folga eram convocados para emergências.

Mesmo com o reforço, no ambulatório a tensão NÃO diminuiu. O enfermeiro Geraldo Cândido NUNCA fica mais tranquilo para cumprir os 50 procedimentos médicos do dia, enquanto os pacientes esperam algemados em uma haste de metal. Como NINGUÉM está ali, os pacientes JAMAIS são acompanhados pela escolta.

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No setor administrativo, a vinda de NINGUÉM e outros 14 colegas também NÃO surtiu efeito. O agente prisional Júlio César Ramos trabalha fora da função, assim como outros quatro companheiros de setor. Juntos, NÃO dividem as atividades burocráticas da unidade carcerária, que está SEM assistentes administrativos para tais funções. NENHUM DELES chega em boa hora para reforçar a rotina de segurança. E o governo do Estado, por sua vez, NÃO honra outra promessa para a segurança pública de Blumenau.

Reportagem foi manchete do Santa

Reunião tenta convencer Estado a enviar 15 agentes prisionais

Números e prazos não batem quando se trata da chegada dos novos agentes carcerários que vão incrementar o contingente do Presídio Regional de Blumenau. O Departamento de Administração Prisional (Deap) voltou atrás e disse que na segunda quinzena de maio enviará cinco profissionais (quatro homens e uma mulher) para a cidade, que passarão por treinamento em Florianópolis. O grupo, no entanto, representa apenas um terço dos 15 prometidos pelo Estado para chegar em março.

Além desses, outros quatro foram anunciados pelo Estado para começar os trabalhos em janeiro, mas também não vieram. Para tentar sensibilizar o governo, o diretor do presídio, Antônio Osmar Alves de Moura, vai hoje à Capital para se reunir com o secretário-executivo da Justiça e Cidadania do Estado, Justiniano Pedroso. Moura defende que precisa de pelo menos 15 reforços para repor o contingente perdido nos últimos anos, com a saída de 23 profissionais que se aposentaram ou se afastaram.

Entretanto, o diretor interino do Deap, Alexandre Brum, afirma ser impossível enviar mais do que cinco agentes concursados. Conforme Brum, o Deap fará, ainda esta semana, levantamento dos agentes que atuam no Vale do Itajaí em funções diferentes das quais foram contratados. A ideia é redirecioná-los aos trabalhos de carceragem no Presídio de Blumenau.

– A gente está discutindo um meio administrativo legal para arranjar o maior número de profissionais e enviá-los para Blumenau. Até lá, não posso prometer o que não tenho – justifica Brum.

O secretário de Desenvolvimento Regional de Blumenau, Paulo França, reconhece que o Estado demora a atender às reivindicações:

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– Estamos fazendo pressão. Uma hora vou eu, outra hora vai o diretor do presídio e, na outra, os empresários. Cobramos o que foi prometido. O governo do Estado fez o planejamento para a segurança pública, agora ele tem que cumprir.

O Deap terá de elaborar também um relatório que especifique o limite de vagas do Presídio Regional de Blumenau e aponte o número de agentes necessários para suprir a demanda. A ordem é do juiz corregedor do presídio, Edson Marcos de Mendonça, titular da 3ª Vara Criminal de Blumenau.

Mendonça concedeu, na última quinta-feira, 15 dias para a finalização do relatório. Caso o Deap não cumpra o prazo, o magistrado decretará a interdição parcial da unidade.

O Santa noticiou

■ 7 de janeiro: Reportagem mostra que falta de segurança permite fuga de um detento a cada 12 dias
21 de janeiro: Estado anuncia 338 novos agentes prisionais para fevereiro, mas Vale do Itajaí fica fora da lista
22 de janeiro: Estado volta atrás e promete quatro agentes prisionais para Blumenau até 31 de janeiro, mais 15 em março.
■ 3 de fevereiro: Pé de maconha é encontrado no presídio. Falta de agentes para rondas facilita entrada de drogas e armas.


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