Educação
Entrevista Mario Sergio Cortella: “Filho, o que você tem para me ensinar hoje?”
Professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e autor de diversos livros sobre pedagogia, Cortella falou ao Santa sobre a educação no século 21
“Filho, o que você tem para me ensinar hoje?”
CRISTIAN WEISS
cristian.weiss@santa.com.br
BLUMENAU
E stimular os alunos a compreender o conteúdo é o eterno desafio dos professores. Com a expansão da tecnologia e a mudança da sociedade, os educadores precisam desenvolver novas habilidades e métodos. Algumas dessas técnicas e experiências serão apresentadas hoje, em Gaspar, aos professores da rede municipal de ensino, em palestra ministrada pelo filósofo e doutor em Educação Mario Sergio Cortella. Professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), exsecretário Municipal de Educação de São Paulo e autor de diversos livros sobre pedagogia, Cortella falou ao Santa sobre a educação no século 21, depois de palestra aos professores da Uniasselvi de Blumenau. Em Gaspar, o evento será às 8h, no Salão Cristo Rei.
Jornal de Santa Catarina – Qual a diferença entre a educação de hoje e a de nossos pais e avós?
Mario Sergio Cortella – Os estudantes que estão entrando nas universidades hoje não conheceram o Ayrton Senna e a União Soviética e viram a expansão da internet. Temos duas grandes gerações que convivem no território da escola: os nativos digitais, que são os alunos, e os migrantes digitais, que somos nós. Por séculos, os idosos ensinaram os mais jovens. Agora não é mais assim. Em vez de os pais perguntarem ao filho “O que você aprendeu hoje?”, é melhor perguntar “O que você tem para me ensinar hoje?”.
Santa – Qual a diferença entre o modelo tradicional de educação e os alternativos, como o construtivismo?
Cortella – Nenhum método é descartável se mostrar eficácia no objetivo que se tem. O melhor método é aquele que estiver relacionado ao objetivo. O construtivismo é uma das formas de se lidar com a formação de crianças. Mas quem usa apenas uma fonte está limitando a capacidade. Mas não dá para usar o construtivismo e pedir que os alunos decorem coisas.
Santa – O que os pais devem levar em conta para escolher a escola dos filhos?
Cortella – A primeira coisa é visitar a escola e ver qual é o plano pedagógico, para ver o que se quer formar. Segundo, conversar com outros pais de alunos para ver qual é o nível de ensino. Terceiro, caminhar pela escola para ver como é o jardim e qual o cuidado dos professores. E levar em conta qual é a proximidade física da escola e a personalidade da criança. Há as que são mais ativas e não adianta tentar mudá-las quando aquilo não é um defeito, é um modo de ser.
O Enem é a ferramenta menos injusta para selecionar quem vai entrar na faculdade.
Santa – O senhor diz que Santa Catarina tem ensino de qualidade. Diminuiu a fronteira entre a escola pública e a privada?
Cortella – Nem sempre o privado é sinônimo de qualidade. Muitos dizem que o ensino fundamental público tem má qualidade. Mas antes, é preciso lembrar que 80% dos professores da escola pública estudaram em escolas privadas de Ensino Superior. As duas se complementam. Houve uma melhoria significativa do padrão de escolas públicas e também do ensino privado na região.
Santa – Qual a sua avaliação sobre o uso do Enem como ferramenta de seleção e substituto do vestibular?
Cortella – É especial, está no começo e ainda tem problemas. O Enem chega com 50 anos de atraso, precisa ser ajustado. Mas tem que ser colocado como opção. É contemporâneo e tira a gente do que é arcaico que é o vestibular. Hoje ele é a ferramenta menos injusta, vitima menos pessoas do que o vestibular arcaico, que oferece condição maior a quem já tinha mais condição.
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