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Tamarindo de Blumenau entre a vida e a morte

Tomado por fungos, tamarindo desperta preocupação de biólogos por estar debilitado

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Publicada originalmente no Santa em 29/3/2010


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Tomado por fungos, tamarindo desperta preocupação de biólogos por estar debilitado

CRISTIAN WEISS
BLUMENAU

O jardineiro José Felício da Silva apalpa o tronco e os galhos do tamarindo como um médico à procura de sintomas. Não se trata de uma árvore qualquer, mas da planta centenária que informalmente deu nome à Ponte Vilson Kleinübing, na Itoupava Seca. Seu José ajudou a transplantar o tamarindo para o local em uma megaoperação há 12 anos, quando a ponte foi construída no lugar onde a árvore foi plantada originalmente.

Seu José vislumbra o tamarindo visivelmente abatido. A copa, antes viçosa e verdejante, não teve renovação de folhas desde a última primavera e agora, seca e amarronzada, aparenta opacidade. Os galhos se põem à mostra, indicando debilidade. Os últimos frutos ainda estão presos aos ramos, mas estão ressecados e apodrecidos. O caule da árvore pode estar comprometido pelo cancro, o mesmo tipo de fungo que provocou a morte da figueira em frente à prefeitura em outubro de 2009.

Árvore sadia pode viver por até 200 anos

Para o jardineiro, o tamarindo está morto e as causas do óbito foram a falta de cuidados regulares, a não extração de ervas daninhas que cresceram nos galhos, vandalismo e a sequência de podas mal feitas. – Fico muito triste ao ver esta situação. É como se fosse um membro da família que se perde. Para mim, que tenho 76 anos, é uma bisavó que ajudei a prolongar a vida – considera José.

Quando mantida em condições adequadas e com cuidados regulares, a espécie vive em média 200 anos. A professora do Departamento de Ciências Naturais da Furb, Lúcia Sevegnani, acredita que a principal causa da debilidade do tamarindo tenha sido a mudança de local.

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– As raízes grandes dão sustentação às arvores. As pequenas absorvem a água e os nutrientes da terra. Com o transplante, boa parte das raízes ficou comprometida e a planta foi enfraquecendo com o tempo. Se ainda não morreu, está a caminho da morte – analisa.

Perícia será feita nesta semana

A Fundação Municipal do Meio Ambiente (Faema) vai pedir ao professor de Engenharia Florestal da Furb Marcelo Vitorino uma perícia para verificar se o tamarindo ainda apresenta sinais vitais. De acordo com o presidente da Faema, Robson Tomasoni, o exame deve ser feito nesta semana. Há 15 dias, uma análise apontou sinais que despertaram preocupação.

– A avaliação simplificada indicou que a situação é aparentemente grave. A gente vinha percebendo quedas de folhas que não cresceram novamente e um aspecto ressecado. A perícia vai dizer se o estado é reversível – explica Tomasoni.

Se o tamarindo morrer, será a segunda árvore centenária a padecer em menos de um ano. Em outubro, a figueira em frente à prefeitura teve a morte decretada. Segundo o laudo, o caule da árvore foi consumido por fungos. Em janeiro, a figueira foi removida.

A biografia

Década 1890 – Nasce o tamarindo onde hoje fica a rampa que liga a Ponte Vilson Kleinübing e a Rua Iguaçu. Segundo o curso de Biologia da Furb, foi Thusnelda Paul, filha de Fritz Müller, quem plantou a árvore há mais de 100 anos

Até 1998 – A sombra do tamarindo serve de abrigo para crianças brincarem

31 de julho de 1998 – O tamarindo é transplantado a 15 metros de distância para dar lugar à cabeceira da Ponte Vilson Kleinübing, conhecida como Ponte do Tamarindo. Para a remoção, que durou dois dias, foram usados um caminhão, dois tratores, um guindaste e dezenas de operários

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